Quanto a Miguel Torga, emigrou também com 13 anos para o Brasil onde, durante cinco anos, trabalhou em Minas Gerais, na fazenda de um tio, como capinador, apanhador de café, vaqueiro e caçador de cobras. De regresso a Portugal, em 1925, concluiu o Ensino Liceal e frequentou, em Coimbra, o curso de medicina. Sobre o Brasil, escreve Torga:
Brasil
Pátria de emigração,
É num poema que te posso ter…
A terra – possessiva inspiração;
E os rios – como versos a correr.
Achada na longínqua meninice,
Perdida na perdida juventude,
Guardei-te como pude
Onde podia:
Na doce quietude
Da força represada da poesia.
E assim consigo ver-te
Como te sinto:
Na doirada moldura da lembrança,
O retrato da pura imensidade
A que dei a possível semelhança
Com palavras e rimas e saudade.
Diário III, p. 69
Brasil
Pátria de emigração,
É num poema que te posso ter…
A terra – possessiva inspiração;
E os rios – como versos a correr.
Achada na longínqua meninice,
Perdida na perdida juventude,
Guardei-te como pude
Onde podia:
Na doce quietude
Da força represada da poesia.
E assim consigo ver-te
Como te sinto:
Na doirada moldura da lembrança,
O retrato da pura imensidade
A que dei a possível semelhança
Com palavras e rimas e saudade.
Diário III, p. 69